RESENHA – VERÃO DE 84

 

Mais um filme que chama a atenção pelo pôster, mas é só isso, a obra em si não tem nada de muito atraente, salvo a parte “oitentista” e a nostalgia das produções norte-americanas que tem se tornado uma marca dos nossos tempos, com a febre de Stranger Things no presente, algumas obras no cinema, tem seguido pelo mesmo caminho, com a premissa de crianças ordinárias tendo que enfrentar ameaças bem maiores que elas, em um mundo que não é de faz de contas, por isso, Verão de 84 aproxima-se de um saudosismo às avessas, e prefere recorrer às noções mais sombrias do passado que ao afeto.

O protagonista do longa, Davey, que sempre se interessou por grandes controvérsias, começa a achar que um assassino em série misterioso, conhecido por raptar e matar crianças e adolescentes, é justamente o seu vizinho, o policial Wayne Mackey, então o protagonista une-se a três de seus amigos, para desvendar os crimes e então a trama se desenrola no óbvio.

Verão de 84 troca o gênero de aventura pelo terror, sem sustos, sem inovações e sem qualquer cena que deixe o espectador sem piscar, dessa maneira, a direção procura mesclar, em vários segmentos, tanto um ar mais instigante, que procura por pistas, quanto um ar mais aterrorizante, que antecipa possíveis resoluções macabras, dentro de uma atmosfera do subúrbio, e carregando um bordão que tenta emplacar no inicio e no fim, “Até mesmo os assassinos em série moram na casa ao lado de alguém”.

Quanto mais o filme se desenrola, mais personagens aparecem, e de graça, sem qualquer notoriedade, totalmente dispensáveis, os coadjuvantes servem mais como apoio e não contribuem no sustento de um peso dramático, o roteiro não se preocupa em levar os meninos para além dos estereótipos, dessa maneira, o longa aponta uma desconstrução bem vaga a uma rasa temática, claro que os eventos principais ainda conseguem construir uma noção medonha e tenta se consolidar o sentimento pelo mesmo “voice-over” que abre e encerra o filme, mas não passa disso, nada impactante ou que prenda.

Verão de 84 funciona como um aterrorizante estudo sobre a imaginação juvenil, ao mesmo tempo em que apresenta uma visão sombria do mundo adulto, até chama atenção pela bela construção estética, uma boa trilha sonora à la John Carpenter, que honra os anos 80, porém é um reto, sem pontos altos ou que chegue a intrigar, é uma fábula de um herói invisível, amaldiçoado por seu próprio heroísmo, onde a imagem do antagonista é muito mais assustadora, sendo representada pelo vizinho sorridente e prestativo, o que também não deixa de ser um clichê em filmes de terror.

Borba Martini – Critico de Cinema & Teatro

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