RESENHA – NÓS

 

É difícil falar sobre NÓS, sem dar spoilers, mas falando sobre a base do filme, já dá pra ter uma pequena ideia do que esse longa nos trás, um filme de terror que foge totalmente do convencional, segue a linha de CORRA, mas com suas peculiaridades que fazem a diferença, uma pitada de humor escrachado para aliviar rodo clima tenso que o filme apresenta, não há aquele exagero de mortes sanguinolentas, mas as que existem, são no limite do gore.

Diante de um imenso quebra cabeças, cheio de pecinhas soltas, o espectador fica completamente perdido na história, uma historia do duplo, focada em 1 família que encontra a si mesmos e tenta entender o que seriam, ou quem seriam, totalmente opostos, o alter-ego, o lado mau que se apresenta de vermelho, separando a família e trabalhando em núcleos unificados, focando em todos, um a um com cenas e cortes de câmera muito bem elaborados e que dão todo o tom ao filme.

Criado pelo diretor e roteirista Jordan Peele, que já afirmou que nunca colocará protagonistas brancos em seus filmes, como em Corra! (2017), desta vez ele mergulha num pesadelo metafórico, aberto a uma infinidade de leituras, e coroado por uma produção maior e mais ambiciosa, que se concretiza graças ao seu primeiro sucesso que o levou ao tapete vermelho, logo, os brancos da vez, são só elenco de apoio, mas que por sua vez também apresenta surpresas, que alias é a sacada do filme, pois daí pra Frente é que a coisa fica ainda mais maluca e as pecinhas começarão a se encaixar, é uma mistura rara de cinema de arte e cinema popular.

Lupita Nyong’o tem uma dupla atuação, fantástica nesse filme, extremamente convincente, tanto quanto roteiro e direção, que conduz a história com total maestria, trabalhando em duplicidade, junto de todos os outros personagens é que o filme deixa as perguntas no ar, como combater a si mesmo? Alguém com as mesmas forças e fraquezas que você?

NÓS surpreende pela construção impecável das imagens, acoplando uma trilha sonora densa e perturbadora. O aspecto mais interessante do confronto entre duplos é perceber como estas partes se complementam, constituindo duas versões de um único ser, como se cada um de nós realmente tivesse uma segunda parte.

O filme tem aquele final surpreendente, no qual o espectador demora a levantar da cadeira, diante de tantas ousadas narrativas e cenas para se pensar, NÓS não é um filme fácil de desvendar, é como um jogo de perguntas e respostas, onde a resposta é a menos óbvia possível, se Peele continuar a escrever filmes bons assim, vai bater de frente com grandes, senão os maiores roteiristas que existem.

Vale super a pena conferir esse terror inteligente e diferente nas telonas…

Borba Martini – Critico de Cinema & Teatro

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