RESENHA – IT . CAPÍTULO 2

 

Partindo do princípio que o primeiro capítulo foi bem completo, mostrando a história paralela de cada personagem, apresentando todos os traumas de infância de cada um deles e juntando muitos bons elementos, transformando tudo num ótimo conjunto de cenas e situações, apresentando Penniwyse em doses homeopáticas e criando o clima imenso de terror e suspense psicológico, sob a direção de Andres Muschietti, a segunda parte se passa 27 anos depois, mostrando como estes adultos são perturbados diante do trauma causado por IT.

Dessa vez, a história de cada adulto é pincelada com os principais fatores de suas vidas atuais, sempre mantendo o “clube dos otários” ativo, logo, a narrativa se torna muito maior, e tanto o roteiro quanto a montagem apresentam subtramas e conflitos, mostrando os momentos em que cada um recebe o convite para voltar a Derry e combater Pennywise, e sendo assim, apresentando muito daquilo que não foi mostrado no primeiro capítulo e esclarecendo toda a junção do singelo clube.

Agora Mike (Isaiah Mustafa) é quem toma a frente como protagonista, convocando o clube e explicando sobre o retorno de Pennywise e unindo todos novamente para efetuar um ritual urgente, numa tentativa final de acabar com IT, num plano em forma de ritual que acaba sendo mostrado de forma rápida e não aprofundada.

O capítulo 2 passa um tempo considerável no passado, o que acaba se tornando uma nostalgia do Clube dos Otários e mesclando com cenas atuais, o que é uma grande sacada, por que o elenco adulto, além de muito bem escolhido, ainda nos mostra a gigante semelhança com os atores mirins, além disso, a sequência esbanja efeitos visuais impecáveis, uma produção extremamente competente e tomadas de câmera muito bem elaboradas, trazendo uma montagem fantástica.

Pennywise está muito mais complexo e poderoso nessa sequência, mais sanguinário e com sua imagem sendo muito mais utilizada, de varias formas, Bill Skarsgard é de fato um monstro no papel, extremamente convincente, e porque não dizer, medonho, diante de toda sua bi-polaridade, tornando sua forma ficticia, ou sobrenatural, totalmente humana e atormentada, diante de suas aparições reais ou da ilusão, agora ele realmente mostra a que veio, para o ataque em quase 3 horas de clima tenso.

O filme também mescla bullying, homofobia, assassinato de crianças e abuso psicológico, o que poderia cair como uma facada no peito do espectador, mas não, pode até retratar o cotidiano real pelo mundo, mas foca muito mais na possibilidade de superação desses traumas pesados, o Capítulo 2 é mais forte que seu antecessor, porque os atores adultos dão mais intensidade emocional, é também mais impressionante porque Muschietti foca mais no terror psicológico e menos no espetáculo, é uma produção criativa e repleta de belas imagens, muito superior à média dos filmes de terror, intrigante pelo fato que Pennywise é assustador porque mora no medo das pessoas e o usa contra elas, fundindo 2 mundos paralelos numa realidade surreal, com mais sucesso na tarefa de evocar traumas de infância, o resultado é um filme ousado, justamente por se desprender dos clichês do gênero, partindo para uma abordagem própria e inteligente.

Há ainda espaço no personagem de McAvoy, para brincar, fazendo uma analogia em especial com Stephen King, que fez questão de aparecer em uma cena memorável, quem é fã, vai sacar na hora, principalmente pela sua fala na cena, e que sempre foi acusado de escrever finais ruins para seus livros.

Uma ótima obra, um ótimo desfecho.

Borba Martini – Critico de Cinema & Teatro

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