30 anos depois de Conduzindo Miss Dayse, eis que surge essa obra, formatada na mesma mensagem, sobre o preconceito racial, só que conduzida na ordem inversa, onde o homem branco é empregado do homem negro de posses.

É uma obra bem complexa, que gira em torno de Tony (Viggo Mortensen), o cara chucro e preconceituoso, que ja se mostra o quanto, na primeira cena do filme, o desempregado que resolve tudo na base de porrada, acaba por conhecer um tradicional músico, Don Shirley (Mahershala Ali), um conceituado pianista clássico, e aceita trabalhar de motorista, daí pra frente tudo vai se desenrolando nos anos 60.

O longa é trabalhado com muita música, solos de piano, cenas extremamente recheadas de preconceito por onde ambos passam, daí entende-se porque o filme leva esse nome tão peculiar, baseado em uma história real, Green Book tem no título uma referência a um livro que apontava os hotéis no sul dos Estados Unidos que aceitavam afrodescendentes, na maioria das vezes, espeluncas, retratando de forma muito divertida, muitas sacadas e piadas americanas que fazem todo efeito, mas sempre martelando a pesada mensagem do preconceito racial entre negros e brancos, que aproxima todos apenas diante de seus momentos musicais, mas com uma realidade cruel.

Uma direção pertinente com roteiro perfeito de Nick Vallelonga (filho de Tony Lip na vida real), muito bem conduzido, atuações ótimas, fotografia fiel e honesta e uma trilha sonora que trazem um resultado que valoriza o riso do espectador, mas que também faz pensar, além de emocionar muito.É uma obra repleta de charme e humor.

Filme visto durante o Festival de Toronto, em setembro de 2018, Green Book merece toda atenção e respeito pelo belo conjunto da obra e a mensagem que o filme joga na cara do espectador, vale a pena conferir essa surpresa positiva do cinema.

Borba Martini – Critico de Cinema & Teatro