RESENHA – CORINGA

Todos sabem que eu não sou fã de quadrinhos e nem super-heróis ou vilões, mas gosto de acompanhar toda trajetória cinematográfica e construção de personagens para o cinema, então não vou entrar no mérito de CORINGA ser ou não, fiel às HQs, mas em todo projeto de construção para o cinema, nesse ponto, afirmo que esse filme é, na história do cinema, de longe, a melhor e maior construção de um ser humano, que se tornou um dos maiores vilões da história dos quadrinhos.

Sim, por que um ser humano? Porque o filme não se trata apenas de um vilão, mas aquilo que o tornou um poderoso vilão, o inicio de uma grande história, até chegar ao que realmente ele é de fato.

CORINGA aborda a esquizofrenia, a saúde mental e todas as perturbações de um ser humano, o bullying, agressão fisica, desprezo, psicopatia, tudo que envolve saúde mental, juntando tudo para que assim, fosse criado um monstro.

Esse longa é bem elaborado também, na forma em que o protagonista se desenrola, Joaquin Phoenix, da um espetáculo a parte de atuação, ele sim é o verdadeiro monstro dessa grandiosa história, suas expressões faciais, sua risada exacerbada, que não é por acaso, mas um distúrbio mental e principalmente sua expressão corporal, é de longe uma das maiores interpretações que já vi no cinema, caminham lado a lado com interpretações de personagens como Stephen Hawkings e Fragmentado, Phoenix consegue convencer o espectador de forma magistral, emociona, bate fundo no peito confunde a cabeça de quem assiste, a ponto de esquecer que se está assistindo a CORINGA, e faz pensar de fato, que é mais um drama de cinema, sobre humanização e problemas psiquiátricos, é um deleite pra quem gosta do gênero, fica difícil não ser redundante, ao falar sobre essa atuação esplêndida, dentro desse espetáculo cinematográfico, mas CORINGA é o divisor de águas nesse tema e quesito, me perdoem os fãs de Heath Ledger em Cavaleiro das trevas, que até então, foi o melhor Coringa ja feito, mas ficou pra trás, Phoenix foi tão grandioso, que fez com que todo elenco parecesse somente um elenco de apoio, salvo Robert De Niro, que foi brilhante em sua importante participação, e já registro aqui um palpite, Oscar de Melhor ator para Phoenix esse ano.

Sobre a caracterização, talvez possa parecer simples, diante de tudo que ja foi apresentado no cinema, mas não diante do que nos é apresentado aqui por Phoenix, e acreditem, em relação a caracterização crua e simples, nesse caso, menos, foi bem mais.

CORINGA é um filme realista, na atual sociedade surtada em que vivemos, é cruel, subversivo, dramático, perturbador, um verdadeiro retrato de um mundo preconceituoso e sombrio, o Diretor Todd Philips acertou na mosca ao criar esse novo conceito, o roteiro é perfeito e sem falhas, principalmente na junção explicativa de quem foi Batman nessa história toda e por que o ódio mortal pelo vilão, e a grande história que há por trás dos dois personagens.

Numa Gothan City caótica e sem leis ou regras, retratada como uma Nova York dos anos perdidos, CORINGA reinventa características básicas do personagem, sem modificá-lo ou mencionar quaisquer de seus antecessores, ao mesmo tempo, junta a memória coletiva em relação às versões anteriores, sem fazer qualquer comparação.

CORINGA é voraz e mostra também todo cunho político e retrata nisso, a Anarquia gerada por um palhaço que se tornou ícone para a sociedade menos favorecida, a ponto de virar um Deus em vida para essa população, muito eficaz e principalmente visto nos dias de hoje, ainda politicamente falando.

A fotografia mostra claramente um retrato urbano, digno dos filmes de Scorsese, tudo sujo, destruído, sombrio e caótico, funciona perfeitamente.

Visto por mim como o segundo melhor filme de 2019, CORINGA é violento e vibrante, um novo capítulo na história do Palhaço do crime, que teve suas características baseadas no “O Homem Que Ri”, de Victor Hugo, e que será lembrado por muitos e muitos anos, um filme brilhante pela forma como foi construído, psicológico e espelhado na vida real, é visceral e fascinante.

JOKER é Filme pra também ganhar oscar.

Filme visto no Festival de Toronto, em setembro de 2019.

Borba Martini – Critico de Cinema & Teatro

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