RESENHA – BACURAU

 

Ao assistir essa obra, faço um pedido aos espectadores e amantes da sétima arte, prestigiem o cinema nacional, pois o Brasil está aprendendo cada dia mais fazer bons filmes.

Ganhador do Prêmio do Júri do Festival de Cannes, BACURAU é algo totalmente fora da caixa, com produção de Kleber Mendonça Filho e Julio Dornelles, fica dificil dizer que é um filme estranho, mas fácil dizer que é um grande filme e que está a frente de muita produção gringa.

Apesar de ter uma construção muito bem dividida em três atos, BACURAU, vai se modificando e se complementando a cada cena mostrada, onde não há um protagonista, mas vários, que vai deixando pecinhas soltas o tempo todo, juntando cacos até de fato, montar uma história, mesmo que abstrata, mas com imensa coerência.

Não é um filme para um público médio, mas um filme para poucos, com uma fotografia superexposta, realista e carregada, rodada no sertão de Pernambuco, uma história que pode soar como filme B, e tem o seu lado B com certeza, diante do sensacionalismo americano que é retratado pelos antagonistas americanos, mas se torna um filme totalmente lado A a partir do momento que toda narrativa e condução brasileira, é mostrata, ponto a ponto, criando uma questão de realismo com o absurdo, e finalizando com um projeto extremamente bruto e peculiar.

O longa demora bastante até esclarecer porque tudo acontece, da forma que acontece e de que forma vai terminar, num primeiro ato que gira entre o realismo social dos diversos moradores de Bacurau, a forma como todos são apresentados ao público, como numa literatura sertaneja, até as tomadas de câmera e os recursos incomuns de transição, partindo pro segundo ato, já focado no cinema americano e a grande brincadeira dos snipers gringos contra uma cidade alvo, onde se concentra o trash B, rumo ao terceiro ato, e o melhor de todos, onde todas aquelas pecinhas e cacos, começam tomar forma e explicar muito do que retrata o longa, sob a trilha de Gal Costa e a participação especial de Sônia Braga, tudo pra mostrar onde a obra vai desembocar, e acredite, o espectador só saberá de fato, na cena final, que estava ali o tempo todo sendo jogado na cara, e por isso reafirmo, o Brasil está aprendendo a fazer filme bom, e esse é um suspense de primeira linha, muito bem amarrado, contado e mostrado.

Para ajudar ainda mais, o filme pega numa questão muito atual, do porquê, no cenário brasileiro, o povo ainda convive diante de tanta opressão, passa tanta necessidade, e vive no eterno contraste histórico de caça e caçador.

O filme é uma auto crítica, politica sim, e que manda uma mensagem nua e crua, principalmente nos caractéres finais, mostrando que este projeto gerou mais de 800 empregos na indústria nacional, um aviso aos que não enxergam o empenho nem o valor do cinema nacional dentro do Brasil que resiste e luta incansavelmente.

Uma ótima indicação nacional.

Borba Martini – Critico de Cinema & Teatro

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