RESENHA – A MALDIÇÃO DA CHORONA

 

Não se trata de um terror diferenciado, a não ser pelo fato do enredo, baseado na figura da mãe protetora, que nesse filme é o inverso disso, onde a mãe, após matar seus dois filhos afogados, por conta de uma traição de seu marido, dá a forma e conteúdo ao filme, que já começa com um belíssimo plano de sequência logo em sua primeira cena.
O longa não é forrado de efeitos visuais e nem de uma bela maquiagem da personagem LA LLORONA, também não foge de muitos clichês já existentes em clássicos do terror, mas não desabona em nada a boa condução do filme, e nos dá algo interessante, que é a personificação do mal, de uma forma simples e objetiva, e como num contato de 4° grau, aquilo que poderia ser um simples espírito, toma a forma humana e que o espectador vai entendendo ao longo da trama.
Este é um tipo de terror que funciona muito bem, e convence na sua vertente dramática, onde direção e roteiro constroem personagem que andam a margem do catolicismo, ceticismo e até espiritismo, trazendo uma controvérsia imensa ao fato de tirar da igreja católica e colocar nas mãos das crenças mexicanas, como nos melhores filmes de terror recentes, o natural e o sobrenatural se misturam, e as questões de classe social, etnia e gênero se tornam fundamentais na descrição de um ambiente realista.
A estética do longa e muito boa e ousada, o que hoje em dia, e raro de se ver dentro do cinema comercial, bom também é o alinhamento desse filme com a série INVOCAÇÃO DO MAL, e principalmente ANNABELLE, na qual JAMES WAN fez questão de se fazer presente numa ótima cena de ligação e um melhor entendimento de tudo.
O cuidado com uso de câmeras, tomadas, cortes, etc, é notável trazendo uma ambientação perfeita e densa, criando um clima perfeito de terror e tensão, juntando ainda a presença mexicana e anexando o encontro de curandeiros e padres, sem transformá-la num conflito, juntando ainda a CHORONA dissertando seus conflitos em espanhol, da todo ar de um filme estrangheróis.
A MALDIÇÃO DA CHORONA aparenta ser um Filme Lado B, desses que mostram sustos fáceis diante de sons ensurdecedores e maquiagem trash, não que a maquiagem não seja, mas esse terror consegue trabalhar bem um conflito psicológico dentro de um cenário contemporâneo,trabalhando a culpa, o medo, o pesar, a inveja, além da pobreza e a marginalidade. Os personagens possuem motivações muito mais complexas do que se esperaria das tradicionais figuras de terror do cotidiano, A MALDIÇÃO DA CHORONA , se trata de uma lenda urbana mexicana dos anos 60, trazida pro atual e que merece notoriedade no cenário de terror, vale a pena conferir nas telonas.

Borba Martini – Critico de Cinema & Teatro

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