Unir música, diversão, consciência ecológica e resgate histórico do carnaval baiano. O que aparentemente pode parecer pouco provável, é justamente o que propõe o já consagrado projeto “Vamos Ver o Pôr do Sol“, capitaneado pela banda Jammil, e que acontece no próximo domingo (21), no bairro Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, dando início ao formato itinerante do evento.

Segundo Levi Lima, vocalista da banda, o bairro foi escolhido por se tratar de um dos mais antigos da cidade, e de onde surgiram os dois primeiros blocos de Salvador.

Essa edição tem parceria com o “Feira da Cidade“, projeto que mistura gastronomia, artesanato, arte e muito entretenimento. A feira começa a partir das 12h. Durante a tarde, o evento tem a participação do grupo de capoeira e percussão do Projeto Axé.

A partir das 16 horas, a banda Jammil sobe ao palco, onde apresenta seus grandes sucessos e traz para o público uma prévia do que será o bloco Praieiro, que desfila domingo e segunda-feira de Carnaval, no circuito Barra-Ondina.

Realizado desde 2015, o “Vamos Ver o Pôr do Sol” já se consolidou no calendário de eventos de Salvador e atrai, a cada edição, um número maior de pessoas, contagiadas pela musicalidade ímpar da banda anfitriã e pelo agradável clima criado em torno da festa.

O evento se popularizou ao ser realizado na Ponta do Humaitá, às margens da Baía de Todos os Santos, considerado um dos locais mais bonitos da capital baiana. Aliás, beleza e história andam de mãos dadas por lá, já que no bairro estão situadas a Igreja e o Mosteiro de Nossa Senhora do Monte Serrat, construídos no século XVI, e tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Um dos objetivos do projeto “Vamos Ver o Pôr do Sol” é, através do poder de abrangência que a música possui, chamar a atenção do poder público para as demandas sociais da comunidade, e para a grandiosa importância da preservação dos nossos recursos naturais, além do riquíssimo patrimônio histórico local. E isso se dá através da realização de ações educativas que acompanham o projeto desde seu início, com destaque para ações em parceria com o Projeto Tamar, a LBV, e campanha contra a prática de pesca com bomba.

HISTÓRIA –  O bairro Santo Antônio Além do Carmo, foi palco de um acontecimento histórico que culminou no surgimento dos dois primeiros blocos de carnaval de Salvador, os “Internacionais” e “Corujas”. O ano era 1962, e no bairro existia o então bloco “Fantasmas”, que costumava desfilar em datas festivas da cidade (à meia-noite, daí o nome), formado por cerca de 50 jovens estudantes do tradicional colégio Severino Vieira.

Inesperadamente uma notícia abala o grupo: morre o pai de uma das lideranças do bloco e ele decide que a agremiação não mais desfilaria naquele ano. Tal situação acaba dividindo o bloco, já que metade dos integrantes queria que o bloco desfilasse. E daí vem a ruptura.

Liderados por Rubinho Carvalho, a metade insatisfeita do Fantasmas resolve sair e montar outro bloco. Motivados por uma recente viagem que alguns deles tinham feito à Argentina, numa época em que, segundo Carvalho, “mal íamos a Feira de Santana ou Aracaju”, o novo bloco foi batizado de “Internacionais”. A recém-formada agremiação logo se expandiu e, ao contrário do Fantasmas, passou a atrair foliões de várias partes da cidade, e logo se tornou um fenômeno em popularidade. Já em 1962 o bloco desfilou com cerca de 500 foliões. Um sucesso para a época.

Os Internacionais foi o primeiro bloco a ter música própria e protagonizou célebres carnavais sendo, logo após o “Traz os Montes”, um dos primeiros a desfilar com trio elétrico.

Com a divisão, o outro grupo resolve acabar com o “Fantasmas” e, seguindo a fórmula do Internacionais, funda um novo bloco, também voltado não apenas para os moradores do Santo Antônio. Então, surge em 1963 o bloco “Corujas”.

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